Exportações em alta

Embarques do setor dobraram no primeiro semestre de 2022. Atuação no mercado externo gera oportunidades e maior segurança ao tomar decisões.

A piscicultura brasileira vem a cada dia se fortalecendo mais e mais. Os indicadores e as notícias recentes dão sinais evidentes dos benefícios gerados a partir de uma organização da cadeia produtiva.

Por exemplo, de acordo com dados do Anuário 2022 da Peixe BR, o cultivo de peixes no País teve um crescimento de 4,7% no último ano; isso puxado pela tilápia, espécie que representa 65,3% da produção nacional.

E a partir de janeiro de 2023, como anunciado em agosto durante o Siavs, as rações para a piscicultura terão isenção de PIS e Cofins, reduzindo em 6,5% o custo da alimentação dos peixes de cultivo.

“Esta é mais uma vitória da piscicultura brasileira”, celebra Francisco Medeiros, presidente Executivo da Peixe BR. Como detalha, esta era uma demanda de longa data da associação: “A entidade luta há muitos anos para obter esse benefício tributário, assim como outras proteínas, como aves e suínos, já o têm”.

Estudos da Peixe BR projetam uma contribuição desta iniciativa para o consumo interno de pescados. A entidade estima um incremento de 386 milhões de reais com a medida.

MERCADO EXTERNO

Essa consolidação da cadeia produtiva permite uma maior ação e inserção das companhias nacionais mundo afora. Os mais recentes números destacam exatamente este cenário positivo das exportações. Traçando um comparativo com primeiro semestre de 2021, o ano de 2022 registrou números recordes.

De acordo com dados divulgados na 10ª edição do Informativo sobre Comércio Exterior da Piscicultura, publicação editada em conjunto pela Embrapa Pesca e Aquicultura e pela Peixe-BR, as exportações da piscicultura brasileira dobraram em valores financeiros e aumentaram 14% em toneladas.

Foram 14,35 milhões de dólares entre janeiro e junho de 2022 frente a 7,18 milhões de dólares no ano anterior. Em toneladas, foram 4.931 exportadas nos primeiros seis meses deste ano, contra 4.327 toneladas no mesmo período de 2021.

A tilápia segue como protagonista e principal espécie exportada pela piscicultura nacional. Sozinha, responde por 98% do faturamento e por 99% da quantidade de peixe exportada pelo País no primeiro semestre de 2022.

Colocando uma lupa apenas nos números da tilápia, houve uma evolução significativa neste mesmo recorte de tempo: 133% no volume financeiro e 32% na quantidade.

Em média, o filé congelado foi produto de tilápia que alcançou maior valor de venda no primeiro semestre deste ano, chegando a 5,46 dólares por kg. Comparado com o mesmo período de 2021, houve queda de 0,34 dólares por kg.

E, em relação ao destino das exportações, os Estados Unidos surgem na primeira colocação, responsáveis por 76% do faturamento e por 63% da quantidade. O segundo posto, bem atrás, pertence ao Canadá, com, respectivamente, 8% e 9%. Em volumes financeiros, foram 10,9 milhões de dólares nas vendas registradas para os Estados Unidos e 1,2 milhão de dólares nos embarques ao Canadá.

PLANO DE EXPANSÃO DAS EXPORTAÇÕES

“Ao exportar, a empresa diminui os riscos dos seus negócios, já que eles não ficam condicionados apenas à economia brasileira, gerando, assim, oportunidades e garantindo maior segurança ao tomar decisões”. Essa é a visão de Natasha Castellan, diretora Administrativa da Brazilian Fish, que completa: “Além disso, a exportação é um termômetro para a precificação do produto no mercado interno”.

A Brazilian Fish é uma empresa familiar pertencente ao Grupo Ambar Amaral, localizado na cidade de Santa Fé do Sul, no Estado de São Paulo. Como conta Natasha, a companhia possui uma cadeia de pescado verticalizada: “Reprodução de peixes, pisciculturas em tanques-redes para engorda, frigorífico de pescados e fábrica de ração”, elenca a diretora e destaca os benefícios: “Essa estrutura garante a qualidade e rastreabilidade de todas as etapas na produção de tilápia”.

Atualmente, pontua a diretora, apenas 5% do volume produzido é destinado à exportação. Os países atingidos são os EUA, Japão e Taiwan. “Temos planos de expansão para China, Canadá e Emirados Árabes”, conta a executiva.

Esses mercados recebem os seguintes produtos: filé de tilápia fresco, filé de tilápia congelado, tilápia eviscerada congelada, pele de tilápia congelada e escamas secas de tilápia.

A entrada no mercado internacional é recente e se deu diante de uma oportunidade, relata Natasha. “A alta valorização do dólar em 2021 e também as diferenças políticas entre a China e os EUA favoreceram a entrada do peixe brasileiro nos EUA”, contextualiza.

Contudo, uma série de exigências foram necessárias para participar do comércio internacional, como habilitações do MAPA de acordo com as listas de permissões existentes para cada país. Na Brazilian Fish, algumas adequações foram tomadas, como pontua a executiva: “Além de capacitação da equipe, investimos no setor de embalagem, com aquisição de máquinas específicas, e aderimos a programas de certificações internacionais”.

Os resultados positivos alcançados nesse curto espaço de tempo motivam a companhia a buscar voos ainda maiores no mercado global. “Temos um plano de expansão para 2024, onde uma nova planta será inaugurada, com o triplo da capacidade de abate da atual”, adianta Natasha, e conclui: “Junto a esse cenário de crescimento, ampliaremos as exportações para 20% do volume produzido”.

Fotos: divulgação e banco de imagens F&F

Fonte: Revista Feed & Food - Setembro 2022